Estudo aponta que envelhecimento também é acelerado por fatores ambientais e políticos
21/07/2025
(Foto: Reprodução) Pesquisa revela que envelhecimento da população também é causado por fatores políticos
Um estudo feito em 40 países — incluindo o Brasil — revelou que o envelhecimento da população também é causado por fatores ambientais, sociais e até políticos.
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"Eu, com minhas sete décadas, me considero uma menina de 20 anos, porque eu saio todo dia pra fazer a minha ginástica", diz Leida dos Santos Oliveira, costureira aposentada.
Envelhecer. Era exceção e virou regra. Cada vez mais pessoas vivem por mais tempo.
"Eu tô sentindo muito bem nessa nova fase da vida, a terceira idade. Já não é mais terceira — acho que a minha já é a quarta", afirma a dona de casa Lindalva Alves Padelli.
Estudo aponta que envelhecimento também é acelerado por fatores ambientais e políticos
Reprodução/TV Globo
Intensidade e bem-estar até o fim. Novas pesquisas, usando novas ferramentas, aproximam a humanidade dessa conquista.
A ciência já mostra há muito tempo que a genética e o estilo de vida de cada um têm um papel importantíssimo na qualidade com que atravessamos os anos finais da vida. Mas será que existe uma taxa de envelhecimento coletivo influenciada pelo lugar onde nascemos e moramos? A resposta da ciência também é sim.
Três cientistas brasileiros participaram de um estudo internacional publicado na revista "Nature" Medicine.
A Inteligência Artificial permitiu analisar dados de mais de 160 mil pessoas em 40 países.
"Parece que a gente, por muito tempo, avaliou muito o impacto, por exemplo, da genética no desenvolvimento de patologias, de doenças, de envelhecimento — e esqueceu um pouco de avaliar o ambiente em que a gente vive", diz Eduardo Zimmer, professor da UFRGS e pesquisador do Instituto Serrapilheira.
"Tudo aquilo a que a gente é exposto durante a vida contribui e define como vai ser esse nosso envelhecimento", completa.
Estudo aponta que envelhecimento também é acelerado por fatores ambientais e políticos
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Desde a poluição do ar até a desigualdade social, muitos fatores contribuem para acelerar o processo de envelhecimento. Esses resultados eram até esperados. A surpresa é que, pela primeira vez, a instabilidade política de um país também aparece como fator de risco.
"Ter uma instabilidade política causa um estresse crônico, é um contexto de lesão cerebral contínua ao longo de muitos anos", afirma Wyllians Borelli, professor do Departamento de Ciências Morfológicas da UFRGS.
"A pessoa fica instável, ansiosa, e isso gera todo um ambiente estressor pra ela — e isso acaba envelhecendo bem mais rápido."
O estudo não faz um ranking de países, mas identifica níveis de envelhecimento de acordo com as regiões. Europeus e asiáticos envelhecem mais lentamente. No Egito e na África do Sul, o processo é mais rápido, com danos maiores à saúde física e mental. O Brasil e a América Latina ficam no meio do caminho.
"Em termos de Brasil, a educação tem um papel fundamental, porque a gente sabe que existe uma desigualdade em níveis de educação muito grande. A mediana de escolaridade do idoso hoje é de quatro anos — e isso é impensável na Europa e nos Estados Unidos, em que se tem um nível de escolaridade muito maior", explica Borelli.
Com as novas tecnologias, a ciência se aproxima um pouco mais da fórmula ideal do envelhecimento. Sem contradizer aquela dica preciosa que só o brasileiro sabe dar.
"Tem que viver. Eu saio, eu danço, namoro, beijo na boca, faço o que tem que fazer — a verdade é essa. A velhice é isso aí, rapaz!", resume Nílton André do Nascimento.